Há bocado estava a ouvir um CD do Luís Represas, e lembrei-me de ti. De me teres gravado um CD duplo de um concerto dele no CCB, depois de o termos ouvido juntos no teu carro, a caminho da faculdade.
Não sei se alguma vez te disse, mas gostava dessas boleias. Estavas sempre bem-disposto de manhã – mesmo quando a vida não te corria de feição – e punhas-me a mim bem disposta. Conversávamos sobre tudo e nada. Nunca faltava tema, a conversa fluía simplesmente. E chegávamos à faculdade sorridentes, antes das oito da manhã.
Se chegávamos excepcionalmente cedo, ainda ficávamos mais um bocado no carro, a conversar. Depois saíamos, cada um para o seu curso, as suas aulas, o seu grupo de amigos. Cruzávamo-nos de vez em quando (sobretudo no período em que namoraste uma rapariga do meu curso), cumprimentávamo-nos e tal, mas não falávamos, propriamente, fora dessas boleias matinais. Talvez seja por isso que perdemos o contacto quando acabámos os cursos...
Da última vez que te vi, por acaso, num regresso à faculdade, estavas magríssimo, e deste a entender que tinhas tido problemas graves de saúde... Espero que os tenhas ultrapassado, e que estejas algures a realizar o teu potencial. Todos os anos, na passagem de ano – que é também o teu aniversário – penso: Que é feito de ti?
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