24 February 2005

"There are plenty of people who pray for peace

But if praying were enough it would have come to be

Let your words enslave no one and the heavens will hush themselves

To hear our voices ring out clear with sounds of freedom"

Jewel, "Life Uncommon"

O que é notícia

Estando, por forca das circunstâncias e da minha fraca aptidao para o islandês, impossibilitada de me actualizar diariamente através de telejornais ou mesmo da imprensa escrita, sinto-me muitas vezes desligada do mundo, sem saber o que se passa lá fora. Assim, sempre que posso, procuro colmatar essa minha falha e descobrir o que tem acontecido por esse mundo fora, consultando os sites das mais prestigiadas e fidedignas agências noticiosas. O problema é que muitas vezes saio de lá exactamente com a mesma sensacao com que entrei!
Quer dizer... eu sempre respeitei as opcoes religiosas de cada um, e até compreendo que o Papa seja uma figura importante no panorama internacional, mas será que o facto de ele ter sido internado com gripe é realmente o acontecimento mundial mais notável do dia?... Enfim... Se fosse só esta, eu até desculpava, mas há umas semanas a grande "manchete" electrónica da BBC prendia-se com o facto de o príncipe Harry ter ido a um baile de máscaras envergando um uniforme Nazi. Uma notícia que até pode ter interesse para a maior parte do público britânico, suponho. Mas o que era notícia já nem era isso, mas sim o mui importante facto de o príncipe ter pedido desculpa por comunicado, e nao pessoalmente! Oh minha gente, aí já estao a abusar! Tenham dó de mim... e párem de insultar a minha inteligência, se faz favor!...
E falamos nós da TVI! Ao menos esses nao têm pretensoes de ser líderes no mundo da informacao, e admitem que o seu público-alvo sao mesmo as avozinhas todas do país que nao têm nada melhor para fazer do que comover-se com a pobre família que vive debaixo da ponte mas tem toda cachecóis e t-shirts oficiais do FCP... Da TVI e afins nós já nao esperamos outra coisa! Agora quando aqueles que eram a nossa derradeira esperanca de ser informados dao a maior importância às coisas mais surreais e bizarras, vejo-me obrigada a transformar-me na minha avó e perguntar: "Mas onde é que este mundo vai parar?"

23 February 2005

Aquelas pequenas coisas que fazem sorrir

Nao era bom que todos os dias acontecesse algo que nos deixasse um sorriso estúpido estampado no rosto o dia todo?

Até podia ser algo pequeno, um pormenor tao ínfimo talvez que nem nos lembrássemos disso até pararmos para nos questionarmos sobre a razao do tal sorriso persistente... falar com um amigo que nao se via há muito, passar por uma crianca na rua que sorri quando nos vê, ver um casal de idosos passear de mao dada com ar de "pombinhos adolescentes", ler uma frase engracada, ouvir a nossa música preferida de quando tínhamos 13 anos a passar na rádio, ver uma paisagem bonita, sentir os primeiros raios de sol da Primavera a aquecerem-nos o corpo... Há tanta coisa que tem a capacidade de nos fazer sorrir... Como é pena que apenas nalguns dias tenhamos a disposicao certa para, inconscientemente, deixar o sorriso fixar-se na face e ganhar raízes no espírito...

Digo a mim mesma que vou tentar reparar mais nessas pequenas coisas que podem mudar a minha disposicao para melhor, e que vou tentar manter um sorriso no rosto todo o dia... mas na realidade sei que isso nao está (só) na minha mao - a disposicao e os sentimentos sao espontâneos, ou nao passariam de pensamentos...

Por isso deixo-me ficar, com um meio-sorriso, à espera do próximo pequeno momento que me torne uma pessoa melhor... ou pelo menos uma companhia mais agradável... e equanto espero, vou recordando outros bons momentos... Porque nao?

21 February 2005

Amizades entre sexos

No meu mundo, é possível um rapaz e uma rapariga darem-se muito bem e serem, simplesmente, amigos... nem mais, nem menos, sem segundas intencoes nem significados ocultos... e no vosso?

Porque será que tanta gente é incapaz de aceitar o meu mundo, pelo menos neste particular? Qual é, de facto, o problema? O facto de alguém ser do sexo oposto ao nosso implica automaticamente que nunca vamos poder ser grandes amigos? Li uma vez algures: “Deus deu-nos a nossa família. Gracas a Deus podemos escolher os nossos amigos!” Entao, quando “escolho” os amigos, ou quando a amizade me escolhe a mim, será que tem sequer a menor importância o facto de os potenciais escolhidos terem um cromossoma diferente do meu?

Sim, eu sei que muita gente acredita que quando se comeca a conhecer muito bem uma pessoa do sexo oposto, comeca a haver um certo grau de atraccao física... e depois comecam as crises existenciais por nao se querer deitar a amizade a perder só para satisfazer essa atraccao... E nao vou desmentir essa ideia, apesar de (ainda) acreditar que nao é necessariamente sempre assim. Mas, e se a atraccao nao for um bicho de sete cabecas assim tao grande? E se tiver só 6?;P Nao, agora a sério, e se for possível essas duas pessoas sentirem-se atraídas uma pela outra, assumirem-no e estarem conscientes disso, e no entanto nao se deixarem levar por esse caminho? Substituir os gestos eventualmente “perigosos” por outros, mais politicamente correctos? Abracar com forca, beijar a face ou a testa, e admitir: “Eu amo-te, adoro-te! Por seres quem és e me deixares ser quem sou, sem preconceitos... E por sermos grandes amigos!”

Será assim tao mau?