22 March 2005

A todos a quem se aplica

Thank you for being you;
for being genuine
and staying true
to what you believe in

You move on
but you stay here
‘cause in our hearts
you’re oh so dear!

(Escrito para a despedida de alguém que conheci há pouco tempo, com quem partilhei uma casa por uns meses, e que agora regressou a casa… Alguém que me mostrou que é possível, neste mundo hipócrita, ser-se genuinamente bom e viver uma vida feliz… Ainda assim, o poema aqui fica, dedicado a todos aqueles para quem o poderia igualmente ter escrito…)

"Estes jovens hoje em dia..."

Porque é que esta expressão é sempre acompanhada de um abanar de cabeça, e dita com ar de quem acredita piamente que o mundo está perdido? E se está, será que a culpa recai integralmente sobre “a juventude”?

Sim, eu sei que há por aí hoje muito jovem mal-educado e até grosseiro, e que muitos jovens se vestem de forma impensável para as mentes mais convencionais, mas… experimentem andar num transporte público e dividir mentalmente os vossos companheiros de viagem em pessoas com ar descontraído/feliz, e caras de “todos me devem e ninguém me paga” – a experiência diz-me que a maioria dos jovens NÃO pertence ao segundo grupo… Já para não falar nas entradas e saídas dos ditos transportes… a juventude está perdida, mas 90% dos encontrões, pisadelas e afins que levo vêm de pessoas com idade para serem meus pais, no mínimo! … Ah, e a maior cleptomaníaca que conheço é uma velha (emprego o termo mesmo no sentido mais depreciativo possível, e não como sinónimo de “idosa”)!

E sim, é bonito vir de uma era em que os homens eram mais cavalheiros e as pessoas respeitavam os mais velhos, mas isso implica automaticamente que é normal alguém que entrou 15 minutos depois de mim ser atendido primeiro só porque o dono/funcionário da loja acha que sou uma miúda pequena? Sinceramente, não me parece que haja muito respeito subjacente a essa atitude… Aliás, já deixei de ir a lojas em que me faziam isso sistematicamente… decisão que tomei aos 10 anos de idade! Não seria de esperar que os “adultos” se tivessem apercebido da incongruência antes?

Sim, eu sei que há pessoas mais velhas impecáveis, aliás algumas das pessoas que mais admiro são “pessoas de idade”… Mas outras tantas são tão ou mais jovens que eu… Eu não digo que todos os jovens sejam impecáveis, mas uma coisa garanto: a probabilidade de eu ser antipática (ou mesmo mal-educada) com alguém aumenta radicalmente se a atitude da pessoa for de superioridade e desprezo, simplesmente por eu ser “jovem”! Lamento, mas… se não querem jovens “marginalizados”, então não os marginalizem!


Claro que estou mais do que disposta a dar indicações, ajudar pessoas a acartar pesos/carros-de-bebé/cadeiras-de-rodas para dentro do comboio, ceder o meu lugar (mesmo que não seja dos “reservados”) a alguém que precise mais dele do que eu, ou seja o que for… mas se não se importam faço-o a QUALQUER PESSOA que precise, independentemente da idade… E já agora, agradecer quando alguém vos segura uma porta aberta não é pedir de mais, pois não?

Bons velhos tempos

A sério, eu percebo que seja normal, quando se atinge uma certa idade, sentir alguma nostalgia pelos bons momentos passados, e compreendo que a velocidade a que a nossa sociedade evoluiu no espaço de uma ou duas gerações cause uma certa dificuldade de ajustamento. Mais que não seja por a geração dos nossos avós não estar, na generalidade, minimamente preparada para abarcar os resultados e do recente progresso técnico-científico: compreendo que a minha avó ache a Internet algo que está, simplesmente, para além da compreensão dela, ou que os anúncios a produtos com pH, ómega 3 e afins lhe passem ao lado…

Mas será que os “bons velhos tempos” eram assim tão maravilhosos? “Nessa altura não havia drogados”, talvez, mas havia ainda mais bêbedos a espancarem mulher e filhos, e pior, havia ainda mais mulheres a “comer e calar”… “Nesses tempos não havia SIDA” (pelo menos nos humanos), mas as outras DSTs já por aí andam há uns quantos séculos… só que as “doenças venéreas” eram doenças dos desavergonhados, obviamente nenhuma pessoa de bem as contraía… “Nesse tempo não havia divórcios”, pois não, mas será que havia de facto mais casais felizes? “Nessa altura não havia cancro”, ou havia mas ninguém sabia o que era e as pessoas morriam de “males” e doenças desconhecidas – isto se sobrevivessem à gripe, ao sarampo, à papeira ou à varíola… “Nesses tempos as pessoas tinham mais vagar, não andavam sempre a correr”, mas para 90% delas esse tempo extra era passado a pensar de onde viria a próxima refeição…

Se eu um dia tiver a sorte de chegar a velha, só espero conseguir perceber que lembrar com ternura e alguma saudade os tempos idos não implica maldizer completamente o presente…

1 March 2005

Sol de Inverno

Está frio cá fora
mas eu estou quente
O sol descobre
e eu estou contente

Nao preciso de muito
para ser feliz agora
Apenas que este sol
nao vá já embora

Preciso senti-lo
só mais um bocado
Aquecer-me por dentro
Derreter este gelado

A neura fugiu
só ficou a moleza
Nao sei se alguém viu
mas eu tenho a certeza

É um dia normal
como outro qualquer
Mas uns raios de sol
fazem de mim outra mulher

News from Home

Sit with a stupid smile
looking into the past
Hold time just for a while,
just while these feelings last

This lingering longing
that comes after happiness;
a strange kind of wanting,
a full kind of emptiness

Happy someone wrote,
smiling at everyday news
But with a lump in the throat
brought on by the distance
that somehow seems more real
when confronted with evidence
of what you've been trying not to feel...