A sério, eu percebo que seja normal, quando se atinge uma certa idade, sentir alguma nostalgia pelos bons momentos passados, e compreendo que a velocidade a que a nossa sociedade evoluiu no espaço de uma ou duas gerações cause uma certa dificuldade de ajustamento. Mais que não seja por a geração dos nossos avós não estar, na generalidade, minimamente preparada para abarcar os resultados e do recente progresso técnico-científico: compreendo que a minha avó ache a Internet algo que está, simplesmente, para além da compreensão dela, ou que os anúncios a produtos com pH, ómega 3 e afins lhe passem ao lado…
Mas será que os “bons velhos tempos” eram assim tão maravilhosos? “Nessa altura não havia drogados”, talvez, mas havia ainda mais bêbedos a espancarem mulher e filhos, e pior, havia ainda mais mulheres a “comer e calar”… “Nesses tempos não havia SIDA” (pelo menos nos humanos), mas as outras DSTs já por aí andam há uns quantos séculos… só que as “doenças venéreas” eram doenças dos desavergonhados, obviamente nenhuma pessoa de bem as contraía… “Nesse tempo não havia divórcios”, pois não, mas será que havia de facto mais casais felizes? “Nessa altura não havia cancro”, ou havia mas ninguém sabia o que era e as pessoas morriam de “males” e doenças desconhecidas – isto se sobrevivessem à gripe, ao sarampo, à papeira ou à varíola… “Nesses tempos as pessoas tinham mais vagar, não andavam sempre a correr”, mas para 90% delas esse tempo extra era passado a pensar de onde viria a próxima refeição…
Se eu um dia tiver a sorte de chegar a velha, só espero conseguir perceber que lembrar com ternura e alguma saudade os tempos idos não implica maldizer completamente o presente…
Mas será que os “bons velhos tempos” eram assim tão maravilhosos? “Nessa altura não havia drogados”, talvez, mas havia ainda mais bêbedos a espancarem mulher e filhos, e pior, havia ainda mais mulheres a “comer e calar”… “Nesses tempos não havia SIDA” (pelo menos nos humanos), mas as outras DSTs já por aí andam há uns quantos séculos… só que as “doenças venéreas” eram doenças dos desavergonhados, obviamente nenhuma pessoa de bem as contraía… “Nesse tempo não havia divórcios”, pois não, mas será que havia de facto mais casais felizes? “Nessa altura não havia cancro”, ou havia mas ninguém sabia o que era e as pessoas morriam de “males” e doenças desconhecidas – isto se sobrevivessem à gripe, ao sarampo, à papeira ou à varíola… “Nesses tempos as pessoas tinham mais vagar, não andavam sempre a correr”, mas para 90% delas esse tempo extra era passado a pensar de onde viria a próxima refeição…
Se eu um dia tiver a sorte de chegar a velha, só espero conseguir perceber que lembrar com ternura e alguma saudade os tempos idos não implica maldizer completamente o presente…
Quando li "bons velhos tempos" já estava preparada para reclamar e dizer "eu adoro viver este presente em que estou", mas afinal o post fala disso mesmo.
ReplyDeletePor acaso nenhum dos meus avós fala muito nos "bons velhos tempos", acho que até se adaptaram bem (o meu avô até acha a Internet uma coisa fabulosa e a TV por cabo com a SporTV e RTP Memória uma delícia). A verdade é que haviam coisas boas como brincar na rua ou desaparecer durante horas e ng se preocupar. Mas as coisas mudam e tudo o que sabemos agora: tratamos mais doenças, aumentámos a esperança média de vida, temos uma mentalidade mais aberta e apoiamos a felicidade/pensamento individual, temos mais conhecimento científico e tecnológico para o nosso conforto e tudo isto só serve para nos ajudar. Gostava de ser velhinha e continuar a par destas coisas todas! (Mesmo que não consiga filmar com uma micro câmara porque tremo demais! :P)
(Fizeste-me lembrar aquele caso em África onde o pessoal morre de constipação, gripe ou pneumonia mas ng morre de SIDA)
Resumindo: assino por baixo do teu post. Um brinde aos novos tempos porque é com eles que temos que viver e não mergulhados nas memórias do "tempo da avozinha"!
Felizmente, o post não é sobre os meus avós nem os reflecte de maneira alguma... Sim, que à minha avó a Internet faz-lhe uma confusão imensa, mas como adora receber notícias regulares do filho que mora na Austrália ignora simplesmente o processo e agradece os resultados: aquela folha de papel com as novidades e a cara do filho!
ReplyDeleteQuanto ao resto, é isso mesmo: em vez de chorar sobre leite derramado, vamos aproveitar o melhor dos dois mundos! Viver e aproveitar o presente, com uma olhadela sorridente aos álbuns de fotos da memória de vez em quando...
Realmente antigamente é que era!LOLOL! É bem! Um pouco de reflecção sobre o nosso passado recente! Beijos
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