A cova atrás dos meus joelhos, onde os teus encaixam tão perfeitamente. As tuas canelas encostadas aos meus calcanhares (é o que dá ser baixinha). As minhas nádegas anichadas na tua virilha, o calor húmido do teu peito nas minhas costas. O oscilar dos nossos corpos ao respirarmos em sintonia, a minha nuca encostada ao teu pescoço, a arrepiar-se com o ar da tua boca que me roça o cabelo. Um braço teu por baixo de mim (“Não te vou esborrachar?” “Ssshh...”), o outro a começar logo abaixo do meu ombro, apoiado no arco do meu corpo até à cintura, onde o teu cotovelo encaminha o antebraço atravessado sobre o meu umbigo, a tua mão repousando ao de leve sobre o meu seio.
Fecho os olhos para te sentir melhor, e só quero ficar assim, abraçada em ti. Adoro a forma como consegues envolver-me, a forma como caibo em ti. A facilidade com que o teu braço dá a volta à minha cintura e me aperta contra ti, nas mais variadas situações.
Abro os olhos, que se fixam na tua mão. Esses dedos finos de pianista que me fascinam desde sempre. (Não sei porquê, na minha mente os teus dedos são sempre exageradamente brancos, apesar de saber que és muito mais moreno do que eu.) Penso na viagem que acabaram de fazer, nos caminhos que percorreram pelo meu corpo. Subitamente, o que me acaricia a nuca já não é a tua respiração, são as tuas unhas. A ponta dos teus dedos que me faz arquear a cabeça para trás. Aproveitas-te desse momento de descuido para me beijares o pescoço, multiplicando o arrepio. A pele de galinha ainda não acalmou, e a ponta do teu dedo traça a linha da minha espinha, até chegar ao cóxis. Apoias a mão inteira na minha virilha e sinto uma mancha de calor que a tua mão me traz barriga acima. Volta a ser só um dedo, que passa no vale exactamente a meio do meu peito, até ao esterno, onde a tua mão me passa pelo pescoço até à face. Uma festa atrás da orelha, pelo cabelo, até descer pela testa e me fechar os olhos... Ainda tens um dedo no meu nariz e já os sinto a pairar à beira dos lábios. Primeiro os dedos, depois os lábios. As nossas mãos ganham vida própria, mas não importa, já nenhum de nós as sente, nem as próprias nem as do outro. Sei que algures sob os meus dedos estão a pele incrivelmente suave do teu rosto e os ossos salientes das tuas omoplatas, o entrelaçado do teu cabelo, a penugem do teu peito, a firmeza das tuas nádegas... Mas não sei onde nem quando, nem o que é o quê.
Só sabemos os votos de amor eterno e profundamente apaixonado que passam directamente entre lábios quentes e línguas molhadas, sem precisar de palavras.