Em memória de alguém que "nunca soube ser conhecido de ninguém", e com um abraço especial para o Zack, que mo descreveu assim.
Nunca soube muito sobre ti,
nem tu sobre mim.
Mas ainda assim
fomos amigos.
Não fumavas, não bebias,
nunca te faltavam energias
para a diversão.
Foste a minha mão
quando não a tinha.
Respeitaste a minha vida como minha.
Não sei se alguma vez nos julgaste
(acho que não);
sei que nunca arremessaste
nada na minha direcção.
Deste-me uma alegria
que pensava que não ia ter.
E acredita que foi um prazer
ter-te como par
no "baile", e depois ir dançar!
Sempre gostei da tua companhia
e agora que penso nisso
tinhas sempre um sorriso.
Apesar das provações
(e sei que as tiveste – mais do que eu).
Esse espírito teu
de aceitar o que vem
e procurar o que se quer,
só há pouco o comecei a reconhecer.
Partilhávamos o gosto pela Natureza
mas ganhavas-me em formas de a explorar.
Ao teu lado nunca me senti presa
nem obrigada a falar.
E apesar de estar a léguas
da tua forma, e de não "ciclar"
nunca senti que te estava a atrasar.
Lembro-me de parar de dançar
para te ver.
Admirar os movimentos, ritmados
mas sobretudo o sentimento;
todo o teu corpo a anunciar
que para ti, naquele momento,
não havia mais nada:
só a música que te enchia o ser.
Cedo demais,
num risco a chiar,
o teu disco parou.
Mas a tua música continua a tocar
em cada um de nós que cá ficou.